Homem é preso em Jaú após manter esposa e filhos trancados sob ameaças, dopamentos e fome — sistema de acolhimento falha mais uma vez
Um crime cruel e revoltante abalou Jaú nesta terça-feira (22). Um homem foi preso em flagrante por manter a esposa e os dois filhos pequenos em cárcere privado, sob ameaças constantes, violência psicológica e condições desumanas.
A história só veio à tona por um ato desesperado de coragem:
O filho conseguiu fugir de bicicleta até Bariri, cidade vizinha, buscando ajuda após viver dias de terror. Lá, acolhido por moradores, contou sua história ao Conselho Tutelar.
O relato do menino mobilizou imediatamente o Conselho Tutelar de Bariri, que acionou o de Jaú e, em seguida, a Polícia Militar. O que os agentes encontraram ao chegar na casa é indescritível.
A mãe e a filha estavam trancadas em um cômodo sujo, escuro e sem comida. O agressor, completamente embriagado, tinha no carro uma arma, uma faca e remédios usados para dopar a esposa — tudo sem qualquer prescrição médica. Mesmo diante do delegado, ele voltou a ameaçar a mulher, o que só reforçou a brutalidade do caso.
Mas o horror não termina aí.
Apesar da gravidade do crime, a família esperou quase duas horas para ser acolhida pela Secretaria de Políticas Públicas para Mulheres. Segundo registros, a funcionária responsável só apareceu depois de insistência — e mesmo assim, a secretária Cândida Ferreira negou a demora e afirmou que “sua função é técnica”.
A única a permanecer ao lado da mãe e das crianças do início ao fim foi a conselheira tutelar, que se recusou a deixá-los sozinhos.
“Eles já sofreram demais. O mínimo que mereciam era acolhimento imediato. Mas até isso foi negado”, desabafou uma testemunha.
O caso acontece às vésperas do Fórum de Políticas Públicas para Mulheres em Jaú, escancarando a distância brutal entre discurso e prática. Quando quem deveria proteger se omite, a violência continua — agora com o carimbo do silêncio institucional.
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