Vigília convocada por Flávio Bolsonaro faz PF agir e leva Jair Bolsonaro à prisão antes do amanhecer; cenário lembra pré-8 de janeiro
A amanhecer de 22 de novembro de 2025 transformou o Jardim Botânico, em Brasília, em palco de mais um capítulo explosivo da crise política brasileira. Às 6h30, viaturas da Polícia Federal romperam o silêncio do condomínio do ex-presidente Jair Bolsonaro, que foi detido ainda de pijama, segundo testemunhas, e levado direto para a superintendência da PF no Distrito Federal.
Bolsonaro já cumpria prisão domiciliar pela condenação em tentativa de golpe de Estado, mas o que desencadeou a mudança para regime fechado foi um gesto inesperado – e considerado perigosíssimo pelos órgãos de inteligência: um vídeo publicado por Flávio Bolsonaro na tarde anterior.
Chamada para vigília vira alerta máximo
No vídeo, divulgado em tom messiânico, Flávio convocou uma vigília de oração em frente ao condomínio do pai. Citando provérbios bíblicos, falando em “Senhor dos Exércitos” e pedindo preces pela “volta da democracia”, o senador reacendeu a chama dos acampamentos que antecederam os atos golpistas de 8 de janeiro.
A fala, a linguagem religiosa, o local e o horário noturno formaram um combo que o STF interpretou como uma convocação política disfarçada. Em grupos bolsonaristas, o apelo viralizou imediatamente. Relatórios de inteligência indicaram caravanas se organizando em Goiás, Minas Gerais e interior de São Paulo, repetindo exatamente o roteiro que culminou nas mobilizações antidemocráticas dos últimos anos.
Moraes reage em minutos
Com o risco de formação de um novo acampamento e potencial escalada de violência, a PF pediu ao STF a conversão da pena para prisão preventiva. O ministro Alexandre de Moraes aceitou quase de imediato.
A justificativa: mesmo condenado e monitorado, Bolsonaro ainda exerce influência capaz de mobilizar massas e ameaçar a ordem pública.
O vídeo de Flávio foi considerado o estopim decisivo.
A prisão ao amanhecer
A ação foi rápida: antes que qualquer apoiador pudesse se aproximar do local marcado para a vigília, Bolsonaro já estava dentro de uma viatura. Sem resistência, mas sob olhares de jornalistas que esperavam algo para romper a madrugada, o ex-presidente deixou o condomínio. As imagens rodaram o mundo.
Já a vigília convocada pelo filho perdeu o protagonista – mas não o potencial explosivo.
Defesa fala em perseguição; STF aponta risco à ordem pública
A defesa classificou a decisão como “desumana” e afirmou que dez laudos médicos comprovavam que Bolsonaro precisava de acompanhamento constante. Nada sensibilizou o STF, que considerou a segurança institucional prioridade absoluta.
Um vídeo que mudou o destino do ex-presidente
O episódio revela a tensão entre a proteção às instituições e o peso simbólico que Bolsonaro ainda carrega para seus seguidores. Um vídeo de pouco mais de um minuto, gravado com uma Bíblia aberta ao fundo e tom de sermão, desencadeou a operação que levou o ex-presidente da sala de casa direto para o xadrez.
Hoje à noite, a vigília convocada por Flávio pode até acontecer — mas diante de um portão vazio, ecoando orações para alguém que já não está lá.
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