Após fazer piada com a morte de Preta Gil, humorista Leo Lins acaba sendo… Ver mais

A notícia da morte de Preta Gil, confirmada na noite do último domingo, 20 de julho, abalou o Brasil. Reconhecida por seu talento, carisma e trajetória de superação, a cantora deixou uma legião de fãs, amigos e familiares em luto. No entanto, poucas horas após o anúncio oficial de seu falecimento, o humorista Leo Lins tornou-se alvo de uma onda de críticas ao fazer uma piada considerada ofensiva e de extremo mau gosto durante um show em Niterói, no Rio de Janeiro.
O caso ganhou repercussão nacional e reacendeu o debate sobre os limites do humor. No palco, diante de uma plateia que mencionava o nome da cantora falecida, Lins não hesitou em disparar uma frase que gerou repulsa: “Quem vier me processar vai pegar câncer e morrer”. A declaração chocante veio justamente no dia em que o Brasil ainda tentava digerir a perda de Preta Gil, vítima de complicações causadas por um câncer contra o qual lutava há meses.
Mesmo com a proibição do uso de celulares em suas apresentações — prática comum nos shows de Leo Lins —, o conteúdo da fala acabou vindo à tona, gerando uma avalanche de críticas nas redes sociais. Diversos internautas e figuras públicas expressaram indignação, apontando a falta de empatia e sensibilidade do comediante ao utilizar uma tragédia pessoal como combustível para sua apresentação.
Preta Gil era muito mais que uma artista. Filha do lendário Gilberto Gil, ela construiu uma carreira sólida e uma imagem pública marcada pela autenticidade e pelo engajamento em causas sociais. Ao tornar pública sua batalha contra o câncer, a cantora tornou-se símbolo de força e inspiração para milhares de brasileiros. Sua morte foi sentida em todo o país como uma perda irreparável. E foi nesse cenário de dor coletiva que a piada de Leo Lins surgiu, amplificando o sofrimento de muitos.
O humorista, que já acumula uma longa lista de polêmicas relacionadas a piadas com temas sensíveis — como doenças, deficiências e tragédias —, já enfrentou processos judiciais no passado por declarações consideradas discriminatórias. Em sua apresentação mais recente, chegou a relembrar que pessoas que o processaram “se ferraram”, antes de emendar a frase controversa sobre câncer.
A repercussão foi imediata. Hashtags pedindo boicote ao humorista ganharam força nas redes sociais, enquanto internautas exigem que ele seja responsabilizado por suas palavras. O episódio também mobilizou entidades ligadas ao combate ao câncer, que se posicionaram contra o discurso de ódio e a banalização da doença em nome do entretenimento.
Em um momento de profunda tristeza para a música brasileira, a atitude de Leo Lins foi vista por muitos como uma afronta à memória de Preta Gil e a todos que enfrentam ou já enfrentaram a batalha contra o câncer. O ato foi classificado por especialistas e ativistas como um exemplo claro de insensibilidade, desrespeito e desumanização por parte de um artista que, mesmo já tendo sido alvo de processos e críticas, segue utilizando o palco como espaço para discursos polêmicos.
Enquanto isso, a família de Preta Gil enfrenta o luto em meio a homenagens emocionadas de fãs e colegas de profissão. Artistas como Ivete Sangalo, Anitta, Caetano Veloso e muitos outros prestaram tributos nas redes sociais, celebrando o legado de uma mulher que viveu com intensidade e deixou sua marca na história da música e da cultura brasileira.
O Ministério Público ainda não se manifestou sobre o caso, mas há expectativa de que o episódio seja analisado à luz da legislação vigente sobre discurso de ódio e ofensa à dignidade humana. Para muitos, a fala do comediante ultrapassou os limites do humor e entrou em território perigoso — aquele que ignora a dor alheia e transforma o sofrimento em piada.
No fim, o que se vê é um país dividido entre a defesa irrestrita da liberdade de expressão e o clamor por responsabilidade ética no uso dessa liberdade. O caso Leo Lins x Preta Gil se torna, assim, mais do que uma polêmica passageira: é um novo capítulo no debate sobre o papel do humor na sociedade e até onde ele pode — ou deve — ir.

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