Cidadania à venda? Milei promete passaporte argentino para estrangeiros que fizerem “investimentos relevantes”
Medida polêmica surge em meio a restrições duras contra imigrantes pobres — e levanta debate sobre “dupla moral” na política migratória da Argentina
O governo de Javier Milei voltou a surpreender (e dividir opiniões) nesta quinta-feira (31), ao anunciar que estrangeiros que realizarem “investimentos relevantes” na Argentina poderão solicitar a cidadania do país.
Sim: enquanto Milei endurece regras para turistas e imigrantes comuns, ele agora abre as portas para quem tem dinheiro suficiente para “comprar” o direito de ser argentino.
💰 Quanto vale um passaporte argentino?
Essa é a pergunta que ficou no ar. O decreto não estabelece um valor mínimo de investimento. Segundo o texto, caberá ao Ministério da Economia avaliar, caso a caso, se o aporte financeiro é suficiente para garantir o pedido de cidadania.
Além disso, o interessado passará por uma análise de segurança — incluindo exigências alinhadas às políticas migratórias dos Estados Unidos, país com o qual a Argentina tenta se aproximar para entrar no programa de isenção de vistos (Visa Waiver Program).
🚫 Milei fecha as portas para muitos — e abre para poucos
A nova regra vem apenas dois meses após o mesmo governo publicar um decreto altamente restritivo, que:
- Cobra pelo atendimento médico de estrangeiros temporários ou em situação irregular;
- Exige seguro saúde de turistas;
- Permite que universidades públicas cobrem mensalidades de estrangeiros;
- Proíbe a entrada de pessoas com condenações penais;
- E autoriza deportações por qualquer crime cometido em solo argentino.
“A Argentina sempre foi um país aberto ao mundo, mas não podemos permitir que os pagadores de impostos arquem com o custo de estrangeiros que abusam dos nossos serviços”, diz o governo no texto oficial.
📉 A fuga dos estrangeiros e o fim do “paraíso barato”
Desde que Javier Milei assumiu o poder e impôs sua controversa agenda ultraliberal, estrangeiros vêm deixando a Argentina. A inflação descontrolada, a alta do dólar e o colapso de subsídios fizeram do país, antes atrativo pelo custo de vida baixo, um dos mais caros da América Latina.
Segundo o Itamaraty, mais de 90 mil brasileiros vivem hoje na Argentina, muitos dos quais podem ser afetados pelas novas regras, especialmente os estudantes.
🧨 A crítica nas redes: “Se for pobre, é criminoso; se for rico, é bem-vindo”
Nas redes sociais, a repercussão foi imediata. Críticos acusam Milei de praticar uma política de imigração elitista, que criminaliza os pobres e premia os ricos.
“Não se trata de proteger a Argentina. Se trata de vender a nacionalidade ao melhor investidor”, escreveu um internauta.
🔎 E agora?
O decreto ainda não define critérios claros, e deixa a interpretação nas mãos do Ministério da Economia, o que deve gerar polêmica, insegurança jurídica e até judicializações.
A grande questão permanece: será que a cidadania argentina virou moeda de troca?
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