Deputado pede prisão preventiva de Hytalo Santos em meio a polêmica nacional que escancara debate sobre exploração infantil na internet
A pressão contra o influenciador digital Hytalo Santos atingiu um novo patamar. Nesta segunda-feira (11), o deputado federal Reimont (PT-RJ), presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados, protocolou um pedido oficial ao Ministério Público Federal para que seja decretada a prisão preventiva do criador de conteúdo, que se encontra no centro de uma das maiores polêmicas recentes envolvendo redes sociais no Brasil.
Segundo o parlamentar, a medida é necessária para impedir que Hytalo continue lucrando com conteúdos que, segundo denúncias, sexualizam e exploram a imagem de crianças e adolescentes. “Não se pode permitir que a internet seja um espaço livre para a violação dos direitos das crianças”, afirmou Reimont, defendendo que a Justiça aja com rapidez diante da gravidade das acusações.

As investigações
Hytalo Santos já é alvo de um inquérito aberto pelo Ministério Público da Paraíba (MPPB) desde 2024. As apurações começaram após denúncias anônimas e miram supostos casos de “adultização” e exploração de menores em vídeos publicados nas redes sociais.
Entre os casos investigados, está o da adolescente Kamylla Santos, de 17 anos, apontada como vítima de exploração de imagem com conotação sexual. O influenciador nega qualquer irregularidade, alegando que as mães das adolescentes sempre estiveram presentes nas gravações e que todas as participações foram autorizadas.

O que é “adultização”?
Embora o termo não esteja previsto como crime específico no Código Penal, ele se refere à prática de expor crianças e adolescentes em contextos que antecipam comportamentos, roupas e atitudes tipicamente adultas, muitas vezes com conotação sexual.
O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) garante proteção integral a menores de 18 anos e proíbe qualquer forma de exploração, negligência, violência ou constrangimento. Na visão de especialistas, ainda que o termo seja recente no debate público, a prática pode configurar crimes já existentes, como favorecimento da prostituição ou produção de material com conotação sexual envolvendo menores.

A força da internet na denúncia
O caso, que já corria nos bastidores do MPPB, explodiu na opinião pública na última semana após a divulgação de um vídeo do youtuber Felca, que possui mais de 4 milhões de inscritos.
Em quase 50 minutos de gravação, Felca reuniu denúncias, prints, trechos de vídeos e depoimentos para expor situações em que menores teriam sido explorados nas redes sociais — incluindo conteúdos de Hytalo Santos. O material viralizou rapidamente, ultrapassando 28 milhões de visualizações em poucos dias, tornando-se um dos vídeos mais comentados do ano.

Consequências imediatas
Diante da pressão popular, na última sexta-feira (8), as contas do influenciador e da própria Kamylinha foram desativadas do Instagram. Internautas comemoraram a retirada do conteúdo, mas também cobraram medidas mais duras, apontando que apenas banir perfis não impede que o mesmo tipo de exploração aconteça em outras plataformas ou perfis.
Um caso que expõe um problema maior
Para juristas e ativistas, o episódio vai muito além de um conflito entre criador de conteúdo e Justiça. Ele escancara a falta de regulamentação efetiva para proteger crianças e adolescentes no ambiente digital, onde a linha entre entretenimento e exploração muitas vezes é tênue.
Enquanto a investigação avança, a pressão popular e política aumenta. Agora, cabe ao Ministério Público e ao Judiciário decidir se o pedido de prisão preventiva será aceito — e se Hytalo responderá às acusações em liberdade ou atrás das grades.
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