FAB impõe sigilo de cinco anos aos custos de voo que trouxe ex-primeira-dama do Peru ao Brasil com asilo humanitário
BRASÍLIA (DF) — A Força Aérea Brasileira (FAB) decidiu classificar como sigilosos por cinco anos os custos do voo oficial que trouxe ao Brasil a ex-primeira-dama do Peru, Nadine Heredia, condenada por corrupção em seu país. A medida, tomada sob a justificativa de “interesses estratégicos do Estado brasileiro”, gerou controvérsia, principalmente por se tratar de um caso com evidente conotação política e humanitária.
Nadine Heredia recebeu asilo humanitário do governo Lula em abril deste ano. A operação de transporte foi realizada por uma aeronave da FAB, com autorização prévia do governo peruano. No entanto, a negativa de divulgar os gastos da missão alimenta desconfiança e levanta questionamentos sobre uso de recursos públicos e critérios de priorização em ações internacionais do Estado brasileiro.
Falta de transparência gera críticas
A oposição critica o sigilo imposto pela FAB e pede explicações. Parlamentares alegam que a ausência de justificativas concretas para a confidencialidade dos custos abre espaço para suspeitas de favorecimento político. “Se não há nada a esconder, por que esconder?”, questionou um deputado da oposição.
A comparação com outros episódios recentes, como a recusa do governo em custear o translado do corpo da brasileira Juliana Marins, morta após cair em um penhasco na Indonésia, acentuou a polêmica. Para os críticos, o argumento de que o voo de Nadine foi necessário por “questões de segurança” contrasta com a alegada ausência de recursos para repatriações em outros casos de emergência e dor familiar.
Sigilo amparado por decreto, mas alvo de debate
O sigilo imposto pela FAB encontra respaldo em decretos que permitem classificações de informações quando envolvem segurança nacional ou relações internacionais. No entanto, juristas e especialistas em transparência pública apontam que o uso desse instrumento deve ser “excepcional e bem fundamentado”, o que, segundo eles, não se verifica neste caso.
O que dizem os envolvidos
O governo afirma que a decisão de conceder o asilo foi tomada com base em normas internacionais de direitos humanos e que a operação de transporte foi realizada conforme protocolos diplomáticos. A FAB, por sua vez, não comentou os detalhes financeiros nem os critérios técnicos que sustentaram o sigilo.
A Controladoria-Geral da União (CGU) e o Ministério da Defesa foram procurados para esclarecer se há previsão de revisão do sigilo e se a classificação poderá ser contestada por vias administrativas ou judiciais.
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