Irmã de Juliana Marins fala sobre chegada do pai ao Brasil e cobra respostas sobre tragédia no Monte Rinjani
A dor da família de Juliana Marins, jovem brasileira que morreu após uma queda durante trilha no Monte Rinjani, na Indonésia, ainda está longe de acabar. Mariana Marins, irmã mais velha da publicitária, desabafou nesta segunda-feira (30) sobre o reencontro com o pai, Manoel Marins, que chegou ao Brasil trazendo parte da memória da filha.
“Por mais que a Juliana não esteja aqui fisicamente, ele está trazendo um pedacinho da memória dela”, disse Mariana, emocionada, ao comentar o retorno do pai, que desembarcou no Aeroporto do Galeão, no Rio de Janeiro.
Manoel havia embarcado para a Indonésia no dia 23 de junho, logo após o desaparecimento de Juliana, para acompanhar as buscas. Ele retornou antes da conclusão do translado do corpo da filha. O transporte, segundo a Emirates Airlines, começou nesta terça-feira (1º), com escala em Dubai, e a chegada ao Brasil está prevista para o dia 2 de julho.
Nova autópsia e desconfiança
A família de Juliana, representada pela Defensoria Pública da União (DPU), entrou com pedido judicial para que uma nova autópsia seja realizada no Brasil. Mariana explicou que a intenção é confirmar com precisão a causa da morte apontada no laudo indonésio, que indicou múltiplas fraturas, lesões internas e sobrevivência de até 20 minutos após o acidente.
“A gente não queria estar passando por isso, não queria mais esse passo até o velório da Juliana. Mas, infelizmente, é necessário pra conseguirmos mais informações e respostas”, explicou Mariana.
O pedido determina que a nova autópsia seja feita no máximo até 6 horas após a chegada do corpo, para preservar evidências.
Demora, descaso e apelo públic
O processo de liberação e transporte do corpo de Juliana foi marcado por atrasos e falta de respostas. A Emirates Airlines, responsável pelo translado, demorou a confirmar o trecho de Dubai ao Brasil. A família chegou a fazer um apelo público cobrando a empresa, e Mariana chegou a denunciar que a carga “misteriosamente ficou lotada” pouco antes do voo previsto para o dia 30.
“Parece proposital. Está muito difícil. É descaso do início ao fim”, desabafou Mariana em suas redes sociais no domingo (29).
Governador da região se manifesta
Diante da repercussão internacional do caso, o governador da província de Sonda Ocidental, Lalu Muhamad Iqbal, se manifestou em vídeo reconhecendo falhas na operação de resgate e comprometendo-se a revisar os protocolos de segurança no Monte Rinjani.
“Reconhecemos que o número de profissionais certificados em resgate vertical ainda é insuficiente e que nossas equipes ainda carecem de equipamentos avançados”, declarou o governador.
Ele também destacou que o local, cada vez mais popular entre turistas internacionais, carece de infraestrutura adequada para emergências.
Comoção nacional e promessas de homenagem
O caso comoveu o país e mobilizou autoridades. A prefeitura de Niterói, cidade onde Juliana morava, se comprometeu a nomear um mirante e uma trilha com o nome da jovem. O presidente Lula também ligou para o pai de Juliana e ordenou apoio integral por meio do Itamaraty.
A tragédia também motivou mudanças legislativas: o governo revogou um decreto de 2017 que impedia o custeio do translado de corpos de brasileiros mortos no exterior. Agora, em casos de comoção pública, o Ministério das Relações Exteriores poderá assumir as despesas.

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