No dia em que completava 55 anos, professora é atropelada e morta em Mathias Lobato
O dia 18 de agosto deveria ser de festa em Mathias Lobato, pequena cidade de pouco mais de 5 mil habitantes no interior de Minas Gerais. Mas, em vez de parabéns, velas e abraços, a data terminou em silêncio, lágrimas e revolta. A comunidade amanheceu em luto pela morte de Edna Paradelo, professora de 55 anos, atropelada por uma carreta em pleno dia de seu aniversário.
O acidente aconteceu logo nas primeiras horas da manhã, a poucos metros da Escola Municipal Cantinho do Céu, onde Edna lecionava há anos e se tornara referência para dezenas de crianças e famílias. A tragédia ocorreu no trecho urbano da BR-116, que corta o município e convive com o fluxo constante de veículos pesados.
Segundo a Polícia Militar Rodoviária, a carreta seguia em direção a Teófilo Otoni quando atingiu Edna. O motorista não parou, não prestou socorro e fugiu do local. A notícia se espalhou rapidamente pelas ruas estreitas da cidade e pelas redes sociais. Em poucas horas, o que era incredulidade se transformou em clamor por justiça.
Naquela mesma tarde, o responsável foi localizado em Campanário, cidade vizinha a cerca de 40 minutos de distância. Preso, foi encaminhado para a Delegacia de Itambacuri, onde prestou depoimento.
Uma vida interrompida no caminho do trabalho
Colegas relatam que Edna era dessas professoras que não apenas ensinavam, mas cuidavam. Muitas vezes, chegava antes do horário para preparar a sala de aula ou conversar com os pais dos alunos. Na manhã do acidente, fazia exatamente o que sempre fez: caminhava em direção à escola. Não chegou a atravessar os portões do “Cantinho do Céu”, onde sua ausência agora é sentida como um vazio difícil de explicar.
A direção da escola suspendeu as aulas por dois dias em sinal de luto. Em comunicado oficial, a instituição escreveu:
“Comunicamos aos familiares e responsáveis que nossa escola está em luto, em virtude do ocorrido. Não haverá aula nos dias 19 e 20 de agosto”.
Para muitos, a decisão foi um gesto simbólico diante de uma dor que vai muito além dos muros da escola.
Luto coletivo
A morte de Edna abalou Mathias Lobato. Nas redes sociais, alunos e ex-alunos compartilharam lembranças da professora que, com paciência e firmeza, marcou gerações. Amigos recordaram seu sorriso constante e sua dedicação em tempos difíceis.
“Uma professora incrível, que amava o que fazia. É uma tristeza sem tamanho perder alguém assim, ainda mais de forma tão injusta”, escreveu uma ex-aluna.
A investigação
A Polícia Civil agora apura as circunstâncias do atropelamento. O motorista, cujo nome não foi divulgado, responderá por homicídio culposo e omissão de socorro. A comunidade, no entanto, pede punição exemplar.
O caso reacendeu uma discussão antiga: a insegurança do trecho urbano da BR-116, onde o tráfego intenso de veículos pesados divide espaço com pedestres. Moradores afirmam que o risco é constante e que há anos pedem melhorias na sinalização e fiscalização.
Um aniversário que virou despedida
O destino foi cruel com Edna. O dia em que completava 55 anos se tornou também a data de sua partida. A ironia trágica reforçou a comoção. Em vez de festa, Mathias Lobato amanheceu com velório e homenagens improvisadas na frente da escola. Flores, cartazes e mensagens de carinho formaram um memorial silencioso para a professora que partiu cedo demais.
O vazio deixado por Edna não é apenas o de uma cadeira vazia na sala dos professores, mas o da ausência de uma figura querida que fazia parte da identidade da cidade.
Agora, enquanto a polícia trabalha para concluir a investigação, Mathias Lobato se une em luto, lembrando de Edna não pela forma como morreu, mas pela maneira como viveu: ensinando, cuidando e deixando sua marca em cada aluno que passou por suas aulas.
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