Levei meu filho para visitar os pais do meu namorado — não conseguia acreditar no que ele encontrou no quarto antigo do meu namorado…

Eu me chamo Elisa, tenho 58 anos. Depois de um divórcio difícil, vivi muitos anos sozinha, focada em criar meu filho, Gabriel. Hoje ele tem 22, é maduro, gentil, e sempre me apoiou, mesmo quando eu achei que estava velha demais para recomeçar.

Há um ano conheci Miguel, 62, em um clube de leitura. Ele era diferente — sensível, culto, e com um humor discreto que me encantou. Logo começamos a namorar. Miguel era reservado sobre o passado, mas eu respeitava seus silêncios.

Num fim de semana de primavera, ele sugeriu irmos juntos visitar os pais dele, que moravam numa chácara no interior de São Paulo. “Eles vão adorar te conhecer”, disse. Levei Gabriel comigo. Achei que seria uma boa oportunidade para estreitar laços.

A casa dos pais de Miguel era acolhedora, antiga, com móveis de madeira escura e fotos em preto e branco nas paredes. Enquanto os adultos conversavam na varanda, Gabriel pediu para explorar a casa. Entrou nos quartos antigos, curioso, até que voltou com algo nas mãos, a expressão transtornada.

— Mãe… você precisa ver isso agora.

Subimos juntos. Ele me levou até um quarto com papel de parede azul desbotado. Lá, sobre uma escrivaninha empoeirada, havia uma caixa de madeira. Dentro dela, cartas. Muitas. Algumas abertas, outras ainda lacradas. E todas endereçadas a mim.

Sim. A mim.

Meu nome completo escrito com a mesma caligrafia de Miguel.

Eu tremi.

Abri uma das cartas.

“Elisa,
Nunca soube como te procurar depois daquele verão.
Você sumiu da minha vida antes que eu tivesse coragem de dizer que te amava…”

Fui transportada no tempo. Tinha 17 anos quando passei um mês numa colônia de férias. Lá conheci um garoto chamado Miguel. Passávamos horas juntos. Ele desenhava, eu escrevia. No último dia, prometemos escrever um para o outro. Mas eu me mudei às pressas com meus pais, e a vida seguiu.

Aquelas cartas — dezenas — eram todas de Miguel, escritas ao longo de anos. Nunca enviadas. Guardadas.

— Mãe, você já o conhecia? — Gabriel perguntou, confuso.

Eu sentei na cama. Meus olhos ardiam.

— Sim. Mas não sabia que ele era… ele.

Naquela noite, confrontei Miguel. Ele ficou em silêncio por um tempo. Depois, confessou:

— Quando te reencontrei, achei que o destino estava me dando uma nova chance. Mas fiquei com medo. Medo de te assustar. Medo de reviver o passado. Eu apenas… quis te amar no presente.

Chorei. Ele também.

Na manhã seguinte, pedi para ficar mais um dia. Senti que aquela história precisava ser vivida até o fim — ou melhor, até um novo começo.

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