Entre a fúria dos ventos e o calor sufocante: Brasil se divide diante de alerta de ciclone e veranico
Na virada desta semana, o céu do Brasil parece ter escolhido contar duas histórias completamente distintas. De um lado, o Sul se prepara para enfrentar a fúria de um ciclone extratropical, acompanhado de ventos fortes, temporais e até granizo. Do outro, parte do Sudeste e do Centro-Oeste já sente o peso de um calor fora de hora, em pleno inverno, marcado por mais um “veranico”.
A terça-feira, 19 de agosto, será um marco dessa contradição climática. O Climatempo e o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) emitiram alertas: enquanto nuvens carregadas se organizam sobre o Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná e Mato Grosso do Sul, sopradas por rajadas que podem ultrapassar os 90 km/h, moradores do interior de São Paulo e do Triângulo Mineiro podem ver os termômetros acima dos 35°C.
A tempestade que chega pelo Sul
No Sul, a palavra de ordem é precaução. A Defesa Civil já está em alerta, orientando a população a reforçar telhados, evitar áreas de risco e acompanhar as atualizações oficiais.
O ciclone, explicam os meteorologistas, nasce do embate entre massas de ar quente e frio, criando um sistema de baixa pressão capaz de provocar chuvas intensas e quedas repentinas de temperatura. No caminho, podem vir granizo, descargas elétricas e estragos em áreas urbanas, cenário que preocupa principalmente as cidades litorâneas gaúchas e catarinenses.
No Sudeste e Centro-Oeste, o inverno vira verão
Enquanto isso, a poucos quilômetros dali, outro Brasil se desenha. No Sudeste e no Centro-Oeste, a atmosfera segue o roteiro oposto: tempo seco, céu aberto e calor sufocante.
São Paulo, que vinha de dias amenos, deve registrar máximas próximas dos 30°C já nesta semana. No interior paulista e em Minas Gerais, o “inverno tropical” promete superar os 35°C, com tardes abafadas e noites curtas em termos de alívio térmico. Em Brasília e Goiânia, a preocupação cresce com a baixa umidade do ar, que pode cair a níveis críticos.
Norte e Nordeste em compasso próprio
No Norte, cidades como Manaus e Belém enfrentarão dias abafados, de calor constante e umidade elevada, enquanto o Nordeste terá o conhecido contraste: sol escaldante no interior e pancadas rápidas de chuva ao longo do litoral, de Salvador a Recife.
O que explicam os especialistas
Para os meteorologistas, o Brasil vive uma combinação de fenômenos típicos, mas que, justapostos, parecem contar uma história quase poética.
De um lado, o ciclone extratropical, produto do choque entre massas de ar contrastantes, uma espécie de coreografia atmosférica de força bruta. Do outro, o chamado veranico — este já é o terceiro do ano —, uma anomalia do inverno marcada por calor e tempo seco, que transforma a estação em um simulacro de verão.
A recomendação é clara
Seja diante do vento ou do calor, os especialistas pedem atenção redobrada. No Sul, é a hora de fechar janelas, proteger telhados e evitar ruas alagadas. No Sudeste e no Centro-Oeste, o alerta é para hidratação, cuidados com idosos e crianças, e evitar exercícios físicos nos horários mais quentes do dia.
Assim, entre rajadas e mormaços, o Brasil atravessa a semana em um tabuleiro climático de contrastes — dividido entre quem olha para o céu temendo nuvens escuras e quem, sob um sol inclemente, só deseja uma brisa leve para suportar o calor.
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