Honduras em choque: a história da jovem grávida de 16 anos que foi desenterrada pela família após suspeita de estar viva
O calor sufocante da cidade de La Entrada, em Honduras, foi interrompido por uma cena de terror e desespero em agosto de 2015. A comunidade, acostumada ao ritmo silencioso das ruas simples, viu-se mergulhada em uma história que parece saída de um conto macabro: a da jovem Nelsy Pérez, de apenas 16 anos, recém-casada, grávida e, segundo seus familiares, vítima de uma das experiências mais perturbadoras já registradas no país — ser declarada morta, enterrada e, horas depois, desenterrada sob a suspeita de ainda estar viva.
O primeiro desmaio e a morte precoce
O drama começou quando Nelsy desmaiou após ouvir um disparo de arma de fogo do lado de fora de sua casa. A adolescente entrou em convulsão, espumando pela boca. Sua mãe, profundamente religiosa, interpretou o episódio como possessão demoníaca e chamou um padre para realizar um exorcismo.
Na sequência, a jovem foi levada ao hospital local, onde, após exames, foi oficialmente declarada morta. O corpo foi entregue à família e, no dia seguinte, sepultado em um caixão lacrado com concreto — um adeus que parecia definitivo.
Gritos no cemitério
Mas o luto se transformou em horror menos de 24 horas depois. O viúvo de Nelsy, Rudy David Gonzales, visitava o túmulo quando afirmou ter ouvido gritos abafados e pancadas vindos de dentro da sepultura. Um funcionário do cemitério também relatou ter percebido sons estranhos, embora não pudesse precisar sua origem.
O rumor espalhou-se rapidamente pela comunidade, e a família, em desespero, tomou uma decisão drástica: quebrar o túmulo recém-fechado. Armados de marretas, parentes destruíram o concreto e retiraram o caixão.
O que encontraram dentro reforçou a suspeita de que Nelsy não havia partido: arranhões na testa e nas mãos, vidro do caixão quebrado e sinais de luta. “Eu a movi e ela derramou água com sangue. Ela não tinha mau odor e sua temperatura estava normal”, relatou a irmã, Gladys Gutierrez, em prantos.
A corrida contra o tempo
Nelsy foi levada novamente ao hospital de La Entrada. Médicos confirmaram que seu corpo apresentava flexibilidade incomum, diferente da rigidez cadavérica típica, o que alimentou ainda mais a esperança da família.
Diante da pressão dos parentes, a equipe médica realizou manobras de ressuscitação. “Tentamos reanimá-la de todas as formas possíveis, mas não havia sinais de batimento cardíaco, respiração ou pressão arterial”, declarou a médica Claudia Lopez.
Após longos minutos de tentativas sem sucesso, veio a sentença final: Nelsy foi novamente declarada morta. Poucas horas depois, a adolescente foi sepultada na mesma cova de onde havia sido retirada.
Mistério, dor e descrença
A tragédia dividiu opiniões. Para a família, não restam dúvidas: Nelsy ainda estava viva quando foi desenterrada, e a chance de salvá-la se perdeu diante da lentidão e da descrença médica. Já os profissionais de saúde mantêm a versão oficial de morte clínica, reforçada pela ausência de sinais vitais no hospital.
Na comunidade, ficaram as marcas do pavor. Uns falam em erro médico, outros em histeria coletiva. Há ainda os que enxergam o episódio sob a ótica do sobrenatural, reforçando a aura de mistério em torno da adolescente.
O certo é que a morte de Nelsy Pérez, jovem, grávida e cheia de planos interrompidos, tornou-se um dos casos mais perturbadores da história recente de Honduras — uma mistura de dor, fé e incredulidade que ecoa até hoje nas ruas de La Entrada, onde o silêncio do cemitério parece guardar mais perguntas do que respostas.
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