Lula se emociona e desabafa em evento oficial: “Vai corroendo por dentro”

Um momento de grande comoção marcou a reunião do Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea) nesta terça-feira (6), em Brasília. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva não conteve as lágrimas ao falar sobre sua trajetória pessoal marcada pela fome e pela miséria, experiências que ainda hoje moldam sua visão política e social.

Diante de conselheiros, ministros e autoridades, Lula recordou a infância difícil em Pernambuco, ressaltando que a fome não é apenas uma carência física, mas uma ferida emocional que, segundo ele, “vai corroendo por dentro” e deixa cicatrizes que acompanham para a vida inteira.

“Eu só conheci o gosto de um pedaço de pão aos sete anos de idade. Na minha terra natal não havia sequer onde comprar. Isso é algo que nunca se esquece”, relatou o presidente, emocionado.

Compromisso pessoal e político

Ao relembrar sua própria história, Lula destacou que sua luta contra a fome não se limita a um programa de governo, mas faz parte de uma missão de vida. Para ele, a insegurança alimentar é uma das expressões mais brutais da desigualdade social brasileira.

“Não é apenas sobre estatísticas ou orçamento. É sobre dignidade, é sobre olhar para um ser humano e enxergar sua dor. Fome não pode ser vista como um número, mas como um crime contra a humanidade”, disse.

Críticas e cobranças

Durante o discurso, Lula também fez duras críticas à postura de setores políticos que resistem a destinar recursos para programas sociais. Segundo ele, negar orçamento para combater a fome significa fechar os olhos para a realidade de milhões de brasileiros.

“Quando alguém trata a alimentação como gasto, está desumanizando a política. Alimentar o povo é um investimento na saúde, na educação e no futuro do país”, afirmou.

Um desafio estrutural

O presidente frisou que a erradicação da fome no Brasil exige ações integradas, que vão além da assistência imediata. Defendeu políticas públicas que aliem produção de alimentos, apoio à agricultura familiar, distribuição justa e segurança nutricional, ressaltando que só assim será possível enfrentar o problema de forma estrutural.

A emoção como mensagem política

A emoção de Lula, longe de ser apenas um desabafo pessoal, foi interpretada como um chamado urgente à responsabilidade coletiva. Para ele, governar significa também resgatar a dignidade de quem vive à margem.

“Eu sei a dor de não ter o que comer. Sei o que é uma mãe não ter o que dar ao filho. Essa lembrança nunca me deixou. E é por isso que não descansarei enquanto houver um brasileiro ou uma brasileira que vá dormir com fome”, concluiu o presidente, em meio a aplausos e manifestações de apoio.

A fala emocionada reforça a centralidade da luta contra a miséria e a fome no atual governo e reacende o debate sobre a necessidade de ações rápidas, eficazes e humanas para transformar uma realidade que, ainda hoje, atinge milhões de famílias em todas as regiões do país.

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