Em áudio, ex-delegado-geral de SP relatou falta de proteção antes de ser executado

A morte do ex-delegado-geral da Polícia Civil de São Paulo, Ruy Ferraz Fontes, ganhou novos contornos após a divulgação de um áudio gravado duas semanas antes da execução. No material, o próprio delegado afirmava viver sem qualquer estrutura de segurança em Praia Grande (SP), região que ele descreveu como “o meio deles”, em referência ao crime organizado.

Fontes, que comandou a Polícia Civil entre 2019 e 2022, foi assassinado na última segunda-feira (15), em uma emboscada registrada por câmeras de segurança.

“Eu não tenho proteção de quê?”

Durante entrevista gravada para um podcast da CBN e do jornal O Globo, ainda inédita, o delegado deixou claro o sentimento de desamparo.

“Eu não tenho… eu tenho proteção de quê? Eu moro sozinho aqui, eu vivo sozinho na Praia Grande […] Hoje, eu não tenho estrutura nenhuma…”, disse.

As declarações agora soam como uma espécie de premonição, diante da brutalidade do crime que vitimou o ex-delegado.

A execução

Imagens de câmeras mostram o carro de Fontes sendo perseguido e batendo contra um ônibus. Logo em seguida, criminosos descem de outro veículo e disparam mais de 20 tiros contra ele, em plena luz do dia.

O episódio reforçou preocupações sobre a força e ousadia do crime organizado no estado.

Reação imediata

O governador Tarcísio de Freitas determinou “mobilização total” das forças policiais, criando uma força-tarefa para localizar os responsáveis.

Especialistas também se manifestaram. O professor de segurança pública Rafael Alcadipani afirmou que o assassinato “mostra o poder do crime organizado” e lembrou que Fontes foi um dos principais responsáveis pela prisão do líder do PCC, Marcola.

Legado e investigação

Com mais de 40 anos dedicados à Polícia Civil, sendo 20 deles no enfrentamento direto ao PCC, Ruy Ferraz Fontes deixou uma trajetória marcada pelo combate ao crime organizado. Após a aposentadoria, ele assumiu a Secretaria de Administração de Praia Grande.

Agora, a força-tarefa investiga se a execução foi motivada por vingança ligada ao PCC ou por sua atuação recente na prefeitura.

Amigos e colegas, como o ex-promotor Marcio Christino, lamentaram a perda e destacaram a importância de seu trabalho.

A execução de um dos maiores símbolos do combate ao crime organizado em São Paulo expõe, mais uma vez, a escalada de violência e a necessidade de estratégias mais eficazes contra as facções criminosas que atuam no país.

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