“Esse monstro não pode ficar solto”: pais de Sarah se revoltam após assassino confesso ser liberado pela Justiça
Indignação. Dor. Incredulidade. Essas três palavras resumem o que paira sobre a família de Sarah Picolotto dos Santos Grego, jovem de apenas 20 anos, brutalmente assassinada em Ubatuba, no litoral norte de São Paulo. Para os pais, não existe outro nome para definir o homem que confessou o crime: “monstro”.
O acusado é Alessandro Neves Santos Ferreira, de 24 anos, que não apenas admitiu ter matado Sarah como levou a polícia ao local onde enterrou o corpo. Apesar disso, a Justiça decidiu colocá-lo em liberdade — uma decisão que chocou o país e expôs, mais uma vez, o abismo entre o sentimento da população e os meandros legais do Judiciário brasileiro.
O desaparecimento e a descoberta do corpo
Sarah desapareceu no dia 9 de agosto. Foram dias de angústia, buscas incessantes e uma esperança que diminuía a cada hora. No sexto dia, veio a confirmação mais temida: o corpo da jovem foi encontrado enterrado em uma área de mata próxima a uma cachoeira, no bairro Rio Escuro.
Alessandro, já detido na ocasião, confessou o homicídio. Disse que Sarah havia sido violentada por cinco homens em uma adega e que os abusos teriam sido filmados. Após o episódio, a jovem foi levada para a casa dele, onde uma discussão, alimentada por álcool e drogas, terminou em feminicídio. Ele relatou ter estrangulado Sarah e ocultado o corpo.
A decisão que revoltou o Brasil
Apesar da gravidade dos fatos e da confissão explícita, uma decisão judicial surpreendeu. A juíza responsável entendeu que, por ter colaborado com as investigações e não apresentar risco imediato à ordem pública, Alessandro poderia responder em liberdade.
A reação foi imediata. Polícia Civil e Ministério Público defenderam a manutenção da prisão, mas o entendimento judicial prevaleceu. Nas ruas e nas redes sociais, o sentimento foi unânime: revolta.
A despedida marcada pela dor
O sepultamento de Sarah aconteceu em Jundiaí, no Memorial Parque da Paz, sem velório. O pai da jovem, o pastor Leonardo Santos, desabafou nas redes sociais:
“Amor para a vida toda. Guardaremos para sempre o amor e as memórias que ela nos deixou.”
Em outra publicação, Leonardo fez um apelo direto à sociedade:
“Vamos compartilhar a cara desse monstro, que confessou o crime bárbaro da minha filha.”
A mãe, Tânia Picolotto, também se pronunciou com indignação:
“Coitadinho dele, né… Colaborou com a polícia, levou os investigadores até o local onde assassinou, abusou, enforcou e ocultou o corpo da minha filha. Parabéns à juíza do caso. Se fosse a sua filha?”
Vozes de protesto
As redes sociais se transformaram em um grande espaço de contestação. A sensação de impunidade atravessou milhares de comentários:
- “Que lei é essa? O cara confessa que matou a moça e o juiz solta. Amanhã ele mata outra, porque nesse país não tem justiça. Vergonha”, escreveu Neia Rodrigues.
- “Dá até vergonha de ser brasileira. Se fosse filha de juiz ou deputado, o monstro estaria preso”, disse Sheila Cristina.
- “Monstro, você vai pagar caro. Justiça seja feita. Esse crime bárbaro não pode ficar impune”, acrescentou Ana Maria Nogueira.
A comoção foi tamanha que o Ministério Público anunciou que irá recorrer da decisão judicial, em busca de restabelecer a prisão do acusado.
Justiça e impunidade em debate
O caso de Sarah reacende discussões urgentes sobre violência contra a mulher e sobre como o sistema de justiça brasileiro lida com crimes brutais. A soltura de um assassino confesso expôs não apenas uma ferida familiar, mas também uma chaga coletiva: a percepção de que o Judiciário, muitas vezes, não responde à altura da gravidade dos crimes.
Enquanto isso, os pais da jovem se agarram à fé e à memória da filha para transformar o luto em luta.
“Esse monstro não pode ficar solto. Queremos justiça por Sarah”, reafirmou o pai.
A história de Sarah agora é também um chamado. Um chamado para que cada brasileiro questione, pressione e exija mudanças em um sistema que, em casos como este, parece falhar com quem mais precisa dele.
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