“Estou me reerguendo”: sobrevivente de ataque brutal em elevador emociona ao ser homenageada na Câmara

O dia 26 de julho jamais será esquecido por Juliana Soares, 35 anos. Nessa data, ela viveu o que definiu como o “maior pesadelo da sua vida”: ser covardemente atacada dentro do elevador do prédio onde mora, pelo próprio namorado, movido por ciúmes.

Foram mais de 60 socos desferidos em seu rosto, um ataque tão brutal que poderia ter sido fatal. Mas Juliana sobreviveu. Mais do que isso: sobreviveu consciente, caminhou até fora do elevador ensanguentada e encontrou forças para pedir ajuda.


O horror no elevador

A violência foi desencadeada após uma discussão sobre mensagens no celular da vítima. Dominada pela fúria do companheiro, Juliana foi submetida a uma sessão de agressões que durou minutos, mas que deixou marcas para toda a vida.

Seu rosto ficou desfigurado. Os médicos que a atenderam precisaram realizar cirurgias complexas de reconstrução facial, não apenas para restaurar sua aparência, mas para devolver funções básicas comprometidas pelas múltiplas fraturas.

“Não era apenas estética. Era sobrevivência. Ela poderia perder movimentos da face”, contou um dos cirurgiões que participou do procedimento.


Do pesadelo ao recomeço

Um mês depois da tragédia, Juliana fez sua primeira aparição pública. O palco não poderia ser mais simbólico: a Câmara Municipal de Natal (RN), onde recebeu a Comenda Maria da Penha, uma das maiores honrarias concedidas a mulheres que se destacam na luta contra a violência doméstica.

Com a voz embargada, mas firme, ela emocionou todos os presentes com seu discurso.

Eu me sinto honrada e feliz em representar um caso de quem conseguiu se levantar, mesmo diante de tanta agressão. Estou me reerguendo”, disse, arrancando aplausos de pé da plateia.

Em outro momento, falou diretamente às mulheres que ainda vivem sob o ciclo de violência:
Muitas permanecem no ciclo abusivo porque não têm a quem recorrer. Acolher sem julgamentos é essencial. Se eu consegui me levantar daquele elevador, outras também podem.”


O agressor e a luta por justiça

O homem que quase tirou a vida de Juliana está preso na Cadeia Pública de Ceará-Mirim e vai responder por tentativa de feminicídio. A investigação da polícia aponta que o objetivo do agressor não era apenas machucar, mas matar.


Símbolo de resistência

Juliana, que há pouco mais de um mês lutava pela própria vida numa sala de cirurgia, agora se torna um símbolo de resistência e coragem. Sua história expõe a face mais cruel da violência doméstica, mas também abre caminho para que outras vítimas encontrem forças para denunciar e buscar ajuda.

“Juliana é a prova viva de que a violência não silencia todas as vozes. Pelo contrário: algumas voltam ainda mais fortes”, declarou uma das vereadoras presentes à sessão.

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