Ex-BBB Alan Passos relembra preconceitos e pressões após romance com Grazi Massafera: “Tenho até vergonha”
Quase vinte anos depois de ter vivido sob os holofotes do Big Brother Brasil 5, Alan Passos voltou a falar sobre os desafios que enfrentou ao deixar o reality e sobre as marcas que aquele período deixou em sua vida pessoal e profissional. Em um desabafo recente publicado em suas redes sociais e reforçado em entrevistas, o ex-BBB revelou que sofreu preconceito, críticas e episódios de racismo, sobretudo durante o relacionamento com Grazi Massafera, sua então parceira dentro e fora da casa mais vigiada do Brasil.
Alan, que na época chamou atenção pelo seu estilo e por usar o cabelo em formato black power, contou que era alvo constante de comentários depreciativos.
“Naquele tempo eu era o cara feio, de ‘cabelo bombril’. As pessoas queriam me colocar dentro de uma caixa… Coisas que em 2005 eram permitidas”, relatou, ao lembrar dos rótulos preconceituosos e da violência simbólica que sofreu.
O romance com Grazi, que se tornaria uma das atrizes mais reconhecidas do país após sua passagem pelo programa, só intensificou o assédio e as críticas. Segundo Alan, a combinação de seu estereótipo com a imagem de beleza associada à atriz provocava espanto em muitas pessoas.
“Havia uma inconformidade com o fato de ela estar comigo. Era como se não aceitassem que aquilo fosse possível”, relembra.
Mesmo após o término, o peso da exposição não desapareceu. Alan revelou que até hoje seu nome é constantemente vinculado ao da ex-BBB e atual atriz. “Não tenho escolha. As pessoas ainda me associam a isso, como se minha identidade fosse resumida a um relacionamento de quase vinte anos atrás”, desabafou. Ele chegou a afirmar que sente até vergonha de algumas situações que viveu no período pós-reality.
Para Alan, a experiência também escancara uma falha estrutural na forma como a mídia e o público lidam com ex-participantes de realities de grande porte. Ele defende que a primeira missão de uma assessoria de imprensa deveria ser ajudar cada ex-BBB a se desvincular da imagem do programa, algo que, em seu caso, nunca aconteceu de forma plena.
O relato de Alan reacende uma discussão que atravessa o Big Brother Brasil desde sua estreia: até que ponto a exposição proporcionada pelo reality é uma porta de oportunidades ou uma prisão de estereótipos? Entre fãs nostálgicos, o nome dele segue lembrado como parte da história de Grazi. Para ele, no entanto, trata-se de uma marca que ainda tenta superar.
Hoje, mais maduro e com o distanciamento que o tempo oferece, Alan decidiu expor sua vivência como forma de reflexão — não apenas sobre o que enfrentou, mas sobre como a sociedade brasileira lidava (e muitas vezes ainda lida) com questões de racismo, beleza e pertencimento.
“Olho para trás e vejo que sobrevivi a muita coisa. Tenho até vergonha de certas memórias, mas entendo que são parte do que eu sou. Só espero que, ao contar isso, outras pessoas não precisem passar pelo mesmo”, concluiu.
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