Moraes desafia Bolsonaro e entrega a ele a decisão sobre visitas de aliados: ‘Quer manter a rede política viva ou prefere isolamento?’

Em uma decisão inédita e que mexe diretamente com o tabuleiro político do Brasil, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), colocou nas mãos do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) o poder de escolher quem poderá visitá-lo durante sua prisão domiciliar em Brasília.

A medida, anunciada nesta sexta-feira (8), responde a uma série de pedidos enviados ao STF por figuras influentes da base bolsonarista, entre eles o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), e deputados federais próximos ao ex-presidente. Moraes intimou os advogados de Bolsonaro para que informem se ele deseja receber essas visitas, numa manobra para evitar mais desgaste judicial e manter um controle rígido sobre as articulações políticas.

Visitas políticas sob lupa: aliados querem reforçar laços, Moraes quer controle absoluto

Desde a decretação da prisão domiciliar na noite da última segunda-feira (4), o contato de Bolsonaro com o mundo externo está severamente restrito. Apenas familiares próximos têm acesso liberado de forma permanente, incluindo filhos, netos e cunhadas. Já as visitas de aliados políticos, consideradas estratégicas, precisam de aval do Supremo.

O caso ganhou repercussão nacional por envolver nomes de peso do cenário político, como o próprio Tarcísio, apontado como um dos herdeiros políticos de Bolsonaro, e deputados da bancada bolsonarista que querem manter a chama da liderança acesa mesmo em meio à restrição judicial.

O simbolismo da visita de Tarcísio de Freitas: lealdade ou jogo político?

A presença do governador de São Paulo na lista de pedidos chama atenção pela influência e pelo simbolismo. Tarcísio é visto como possível candidato à Presidência em 2026 e seu contato direto com Bolsonaro em prisão domiciliar pode ser interpretado como um sinal de fidelidade à antiga liderança, além de um movimento estratégico para manter alinhamentos na direita brasileira.

Especialistas avaliam que aceitar essas visitas pode fortalecer a imagem de Bolsonaro como líder político ativo, enquanto recusar pode representar uma tentativa de resguardar-se e evitar maiores pressões num momento delicado.

Prisão domiciliar: mais que um episódio jurídico, uma guerra simbólica pela direita brasileira

A decisão final sobre as visitas será um indicativo claro do que Bolsonaro pretende: manter-se ativo no jogo político ou apostar em uma postura mais reservada. Enquanto a sociedade acompanha o desenrolar das investigações no STF, a prisão domiciliar do ex-presidente transforma-se num campo de disputa que vai além da Justiça — trata-se da batalha pelo futuro da direita no Brasil.

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