Moraes vota para condenar Bolsonaro e aliados em julgamento histórico no STF

O Supremo Tribunal Federal (STF) entrou, nesta terça-feira (9), em uma de suas sessões mais aguardadas dos últimos anos: o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro e de sete de seus principais aliados. O relator do processo, ministro Alexandre de Moraes, apresentou voto duro, defendendo a condenação de todos os réus por participação em uma suposta trama para impedir a posse do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva em 2022.

Segundo Moraes, o grupo formava uma “organização criminosa com projeto autoritário de poder”, que operou em várias frentes para fragilizar a democracia brasileira.


O voto de Moraes: 43 anos de prisão para Bolsonaro

Em sua manifestação, Moraes pediu a condenação de Jair Bolsonaro a 43 anos de prisão, em regime fechado. O relator detalhou episódios considerados provas da tentativa de ruptura institucional, entre eles:

  • A live de 2021, em que Bolsonaro atacou a credibilidade das urnas eletrônicas;
  • A reunião ministerial de julho de 2022, onde se discutiu abertamente a possibilidade de não aceitação do resultado eleitoral;
  • O encontro com embaixadores no Palácio da Alvorada, em julho de 2022, usado para difundir desinformação sobre o sistema eleitoral;
  • As operações da PRF no segundo turno das eleições, que teriam buscado dificultar o transporte de eleitores em regiões onde Lula tinha maior apoio;
  • A descoberta do chamado plano “Punhal Verde e Amarelo”, encontrado no Palácio do Planalto, que previa ações contra autoridades e minutas de um possível decreto de exceção.

Quem mais está no banco dos réus

Além de Bolsonaro, Moraes também votou pela condenação de:

  • Alexandre Ramagem (ex-diretor da Abin e deputado federal);
  • Almir Garnier (ex-comandante da Marinha);
  • Anderson Torres (ex-ministro da Justiça);
  • General Augusto Heleno (ex-ministro do GSI);
  • Mauro Cid (ex-ajudante de ordens);
  • Paulo Sérgio Nogueira (ex-ministro da Defesa);
  • Walter Braga Netto (ex-ministro da Casa Civil).

A Procuradoria-Geral da República (PGR) havia denunciado todos por crimes como associação criminosa, abolição violenta do Estado democrático de direito, tentativa de golpe e uso da máquina pública para fraudar eleições.


Clima tenso em Brasília

A fala de Moraes incendiou o cenário político. Enquanto aliados de Bolsonaro acusam o ministro de agir com motivações pessoais, opositores consideram o voto um marco na defesa da democracia.

Nos bastidores, parlamentares avaliam que uma eventual condenação com penas severas pode ter efeitos devastadores no campo bolsonarista, afetando diretamente as eleições municipais de 2026 e o projeto político da direita nos próximos anos.


O que vem pela frente

O julgamento agora seguirá com os votos dos ministros Flávio Dino, Luiz Fux, Cármen Lúcia e Cristiano Zanin (presidente da Primeira Turma). A expectativa é que o resultado final seja conhecido até sexta-feira, 12 de setembro.

Caso a maioria acompanhe Moraes, Bolsonaro enfrentará sua primeira condenação criminal no STF, o que poderá abrir caminho para outras ações e ampliar seu cerco jurídico.

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