“O que não pode no mundo real, não pode no mundo virtual”: Moraes adverte influenciadores sobre responsabilidade digital
Na manhã de quinta-feira (14), o Salão Branco do Supremo Tribunal Federal recebeu um grupo pouco habitual para seus corredores solenes: influenciadores digitais. Entre câmeras de celulares, microfones discretos e olhares atentos, um tema urgente ocupou o centro da conversa — os limites e responsabilidades no universo online.
O anfitrião, ministro Alexandre de Moraes, não economizou nas palavras. De terno escuro e tom firme, lançou uma máxima que ecoou por toda a sala:
“O que não pode no mundo real, não pode no mundo virtual. Se você não pode fazer algo pessoalmente, também não pode fazê-lo pela internet. É simples assim.”
A frase, curta e direta, sintetizou sua crítica à postura de grandes empresas de tecnologia, que, segundo ele, ainda resistem a seguir legislações nacionais e a assumir responsabilidade por conteúdos ilegais que circulam em suas plataformas.
O desafio invisível de proteger crianças na rede
O ministro também tocou em um ponto sensível: a segurança de crianças e adolescentes no ambiente digital. Com uma comparação pessoal, lembrou que, mesmo em sua juventude, pais e mães já enfrentavam dificuldades para controlar onde e com quem os filhos andavam. Hoje, porém, o desafio ganhou camadas invisíveis.
“Imagina quando entra no quarto, está no celular, no tablet… É impossível controlar totalmente”, disse, alertando que a vulnerabilidade dos jovens online exige ação conjunta — da família, da escola e, principalmente, das plataformas digitais.
Um diálogo com quem fala para milhões
O encontro fez parte da segunda edição do “Leis e Likes: o papel do Judiciário e a influência digital”, iniciativa do STF em parceria com o projeto Redes Cordiais. Ao todo, 26 influenciadores digitais participaram da imersão, que incluiu visitas guiadas pela Corte, presença em sessões plenárias e conversas francas com ministros como Cármen Lúcia, Luís Roberto Barroso e o próprio Moraes.
Entre um café e outro, as perguntas dos criadores de conteúdo revelaram preocupações reais sobre os rumos da internet brasileira. Quando um deles trouxe à tona um vídeo do influenciador Felca denunciando a exploração de menores na web, Moraes foi categórico: lembrou a decisão tomada pelo STF em junho que obriga redes sociais a removerem conteúdos ilegais após notificação extrajudicial, sem depender de ordem judicial.
O recado para as big techs
A mensagem final foi clara: o ambiente digital não é um território sem lei. E se as regras valem para a vida fora das telas, devem ser aplicadas com o mesmo rigor no mundo virtual.
O evento terminou com aplausos discretos, mas também com expressões de reflexão. Afinal, diante de milhões de seguidores, cada influenciador ali presente carrega — agora mais do que nunca — a consciência de que seu papel não é apenas criar conteúdo, mas também ajudar a construir um espaço online mais seguro, ético e responsável.
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