Relatório da PF revela resistência de Michelle Bolsonaro durante operação em Brasília; clima de tensão marcou ação

Um relatório da Polícia Federal (PF) enviado ao Supremo Tribunal Federal (STF) trouxe à tona novos detalhes sobre a operação de busca e apreensão realizada no dia 18 de julho na residência do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), em Brasília. O documento descreve que a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro recebeu advertências dos agentes por não cumprir as orientações durante a diligência, gerando momentos de tensão que chamaram atenção de investigadores e do público.


Chegada da PF e primeiros atritos

Segundo o relatório, a equipe da PF chegou ao condomínio onde Bolsonaro reside por volta das 7h15 da manhã. Inicialmente, os agentes foram recebidos por um segurança particular, que imediatamente contatou Michelle. Os policiais precisaram aguardar alguns minutos até que o próprio ex-presidente abrisse a porta de sua residência.

O clima inicial já indicava que a operação não seria simples. O relatório descreve que, ao longo da entrada e execução da busca, Michelle demonstrou resistência às instruções dos agentes, sendo advertida repetidas vezes. Só após insistentes recomendações, ela passou a adotar uma postura colaborativa, permitindo que a ação prosseguisse sem maiores incidentes.

“Após seguidas advertências da equipe quanto ao cumprimento da medida judicial, a esposa do investigado passou a adotar postura colaborativa”, registraram os investigadores.


Apreensão de valores e expansão da operação

Durante a busca, os policiais apreenderam aproximadamente 14 mil dólares em espécie, reforçando suspeitas sobre movimentações financeiras que estão sendo investigadas.

A operação não se limitou à residência de Bolsonaro. Na mesma data, a PF também cumpriu mandados na sede do Partido Liberal (PL), em Brasília, ampliando o alcance das investigações e buscando evidências adicionais sobre possíveis irregularidades.


Restrições impostas a Bolsonaro

Além da apreensão de valores, o ex-presidente foi submetido a uma série de restrições cautelares, incluindo:

  • Uso obrigatório de tornozeleira eletrônica;
  • Proibição de deixar o país sem autorização judicial;
  • Recolhimento domiciliar noturno, incluindo finais de semana.

Apesar dessas determinações, registros do processo indicam que Bolsonaro descumpriu diversas vezes as condições, o que levou o ministro Alexandre de Moraes, do STF, a determinar, em 4 de agosto, sua prisão domiciliar.

O ex-presidente também teve seu celular apreendido, medida que permitiu à PF coletar mais informações relevantes para a investigação. O endurecimento das decisões deixou claro que a paciência do Judiciário havia se esgotado diante das sucessivas infrações.


Tensão constante e bastidores da operação

O relatório divulgado mostra que a operação não se resumiu apenas a apreensões e advertências: evidenciou um clima de resistência e tensão entre os agentes da lei e a família Bolsonaro.

A divulgação do documento revela detalhes dos bastidores, reforçando que a investigação sobre Jair Bolsonaro ainda está longe de ser concluída. Cada gesto, cada atitude de resistência e cada advertência registrada pode se tornar combustível para novas disputas jurídicas e políticas nos próximos meses.

O episódio evidencia que a Justiça enfrenta dificuldades para fazer cumprir suas determinações diante de figuras políticas de grande influência, mostrando a complexidade e o impacto de cada ação no cenário político nacional.

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