Tragédia anunciada em Lisboa: elevador da Glória mata terceira vítima e expõe negligência da Carris

O acidente que vitimou mortalmente Alda Matias, jurista dos Serviços Centrais da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, e Pedro Trindade, professor e colaborador da mesma instituição, ganha novos contornos a cada hora. Ambos regressavam a casa depois do trabalho, como faziam diariamente, utilizando o icónico elevador da Glória, quando foram surpreendidos pela tragédia.

A confirmação da terceira vítima mortal eleva ainda mais a indignação popular, não apenas pelo choque do acidente em um dos símbolos turísticos mais visitados da capital, mas sobretudo pela revelação de falhas graves de manutenção que poderiam ter sido evitadas.

Negligência ou economia criminosa?

Informações avançadas durante a noite desta terça-feira revelam que a Carris deixou caducar, em 31 de agosto, o contrato de manutenção e segurança dos quatro elevadores históricos de Lisboa — Glória, Bica, Lavra e Santa Justa.

O concurso público lançado em abril, avaliado em 1,2 milhões de euros para três anos, foi cancelado pela administração da empresa em meados de agosto sob a alegação de que os valores apresentados seriam demasiado elevados. Ou seja, para poupar dinheiro, os equipamentos ficaram sem garantias mínimas de funcionamento.

No caso específico do elevador da Glória, o caderno de encargos exigia verificações diárias, semanais e mensais de peças fundamentais, como cabos de tração, motores e sistemas de segurança. Com o fim do contrato, o histórico ascensor ficou cerca de três dias sem qualquer inspeção preventiva — tempo suficiente para transformar descuido em tragédia.

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Símbolo turístico agora marcado pela tragédia

Inaugurado em 1885 e classificado como Monumento Nacional desde 2002, o elevador da Glória sempre foi um cartão-postal de Lisboa. Diariamente, milhares de turistas sobem e descem a encosta entre a Praça dos Restauradores e o Bairro Alto.

Agora, no entanto, a imagem de um dos símbolos mais queridos da cidade passa a ser associada a um dos maiores desastres recentes da capital.

Perguntas que não calam

  • Quem será responsabilizado por estas mortes?
  • Por que razão a administração da Carris optou por cancelar o contrato sem garantir uma alternativa imediata?
  • Quantas outras tragédias poderiam estar “à espera de acontecer” nos restantes elevadores históricos?

A indignação cresce nas ruas e nas redes sociais. Para muitos, este acidente não foi apenas uma fatalidade, mas sim o resultado direto de uma gestão negligente, que tratou a segurança de passageiros e trabalhadores como uma questão secundária.

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