Tragédia na BR-251: nove mortos em colisão entre van e carreta em Grão Mogol

O silêncio da noite de terça-feira (13) foi rompido por uma tragédia que ficará marcada na memória de moradores de Grão Mogol, no Norte de Minas Gerais. Uma colisão frontal entre uma van e uma carreta deixou nove mortos e doze feridos, transformando a BR-251 em cenário de dor e desespero.

A van transportava trabalhadores nordestinos que voltavam para casa após meses de colheita em lavouras de Goiás e Minas Gerais. O destino final era o Ceará, onde todos sonhavam em reencontrar suas famílias. A viagem, no entanto, terminou em luto.

O impacto fatal

De acordo com as primeiras análises da Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG), a carreta teria invadido a contramão, atingindo a van de frente. “Foi um fator determinante”, afirmou o perito Hugo Leonardo. As marcas no asfalto — pneus arrastados e sulcos profundos — reforçam essa linha de investigação.

No momento do acidente, a rodovia estava molhada pela chuva e coberta por neblina. Peritos não descartam que a velocidade acima do permitido e a baixa visibilidade tenham contribuído para a tragédia.

O choque foi devastador: nove pessoas morreram ainda no local, entre elas homens, mulheres e até uma criança de apenas quatro anos. Outras doze vítimas ficaram feridas — dez delas foram encaminhadas a hospitais de Francisco Sá e Montes Claros, enquanto duas receberam atendimento no próprio município. O motorista da van está entre os feridos em estado grave.

Já os dois ocupantes da carreta sofreram apenas ferimentos leves e foram liberados.

Resgate dramático

A colisão mobilizou uma grande operação de emergência. Ambulâncias do SAMU, equipes do Corpo de Bombeiros, Polícia Civil e Polícia Rodoviária Federal (PRF) trabalharam durante toda a madrugada no socorro e na retirada dos corpos presos às ferragens.

A identificação das vítimas fatais foi feita por reconhecimento facial e impressões digitais. Segundo a médica-legista Aline Brito, uma das vítimas estava sem documentos e ainda passa por cruzamento de dados para confirmação de identidade.

Transporte clandestino

A Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) confirmou que a van não tinha autorização para transporte interestadual de passageiros. Essa irregularidade levanta mais uma preocupação: o uso recorrente do transporte clandestino por trabalhadores rurais, que, diante do custo mais baixo, acabam se submetendo a viagens sem segurança regulamentada.

A tragédia reacende o debate sobre a fiscalização desse tipo de transporte, especialmente em regiões com alta demanda de mão de obra sazonal.

Repercussão e investigações

A transportadora OPR Logística, responsável pela carreta, emitiu nota lamentando profundamente a tragédia e afirmou estar colaborando com as investigações. Com 28 anos de mercado, a empresa declarou que a segurança é prioridade em suas operações.

Enquanto isso, a Delegacia de Grão Mogol instaurou um inquérito para apurar responsabilidades. O laudo técnico da perícia, previsto para ser concluído em até 30 dias, será decisivo para determinar se houve imprudência, falha mecânica ou negligência na condução da carreta.

Dor e indignação

Entre as vítimas, estavam homens e mulheres que deixaram para trás famílias em diferentes estados do Nordeste. Todos buscavam sustento no trabalho temporário e aguardavam ansiosamente o reencontro com seus entes queridos.

Agora, a saudade e o vazio tomam o lugar da esperança. A tragédia na BR-251 não é apenas um acidente: é um retrato da dura realidade de trabalhadores brasileiros, da precariedade no transporte e da urgência em se repensar a segurança nas estradas federais.

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