Tragédia na BR-403: comunidade acadêmica do Ceará em luto após morte de duas estudantes
O silêncio que se seguiu ao impacto foi quebrado apenas pelo som das sirenes e pelo choro desesperado de colegas. Na noite de quinta-feira, 14 de agosto, a BR-403, rodovia que corta o interior do Ceará, se tornou palco de uma tragédia que ceifou os sonhos de duas jovens estudantes de Farmácia.
Alessamia Menezes e Eduarda Rocha, alunas dedicadas do Centro Universitário Inta (Uninta), em Sobral, jamais chegaram ao destino naquela noite. O que deveria ser apenas mais uma viagem de rotina entre Sobral e Marco se transformou em um episódio de dor e comoção, que agora mobiliza familiares, colegas e toda a comunidade acadêmica.
Segundo a Polícia Rodoviária Federal (PRF), a tragédia aconteceu quando um dos ônibus que transportava universitários parou no acostamento para o desembarque de um passageiro. O veículo que vinha logo atrás, da mesma empresa, não conseguiu frear a tempo e colidiu violentamente com a traseira. O impacto foi devastador justamente para quem ocupava as poltronas dianteiras do segundo ônibus — entre elas, Alessamia e Eduarda. Presas às ferragens, as jovens não resistiram.
Outras duas pessoas ficaram feridas e foram socorridas. Para os sobreviventes, a cena ficará marcada na memória como um corte abrupto no cotidiano de quem, dia após dia, encara longos trajetos na esperança de um futuro melhor.
A notícia se espalhou rapidamente pelas redes sociais e veículos de comunicação, deixando colegas de turma, professores e familiares em estado de choque. Na manhã seguinte, o campus do Uninta amanheceu em silêncio. Em nota oficial, a instituição declarou luto oficial de três dias e suspendeu as aulas do curso de Farmácia:
“É com profunda tristeza que comunicamos o falecimento das estudantes. Neste momento de imensa dor, nos unimos em solidariedade às famílias e amigos.”
Em Marco, cidade destino das jovens, a prefeitura também se manifestou, destacando o impacto da perda não apenas para os familiares, mas para toda a comunidade. Vigílias e homenagens começaram a ser organizadas, numa tentativa coletiva de transformar a dor em lembrança e resistência.
A BR-403, já conhecida por seu tráfego intenso e deficiências estruturais, volta ao centro de debates. A PRF informou que está colhendo depoimentos e apurando se houve falha mecânica, imprudência ou outros fatores determinantes para o acidente.
Enquanto a investigação segue, o que se impõe é o vazio da ausência. Alessamia e Eduarda não eram apenas estudantes de Farmácia; eram filhas, amigas, colegas, jovens que carregavam consigo projetos de vida e a determinação de transformar realidades através da ciência e do cuidado com o próximo.
Nas redes sociais, as despedidas se multiplicam. Mensagens de carinho, fotos e lembranças demonstram o quanto as duas já haviam deixado sua marca, mesmo em tão pouco tempo de vida. “Elas eram luz e esperança”, escreveu uma colega de turma.
Agora, o luto compartilhado serve também como alerta. A tragédia escancara a vulnerabilidade dos estudantes que dependem diariamente do transporte rodoviário intermunicipal no interior do Estado. Uma rotina que deveria ser segura e previsível mostrou-se, mais uma vez, frágil diante das falhas humanas e estruturais.
Na memória de quem conviveu com Alessamia Menezes e Eduarda Rocha, permanecerá a lembrança de duas jovens que sonhavam alto, mas cuja trajetória foi interrompida cedo demais. A perda delas ecoa como um chamado para que vidas não sejam mais ceifadas em estradas que deveriam ser caminhos de futuro, não de despedida.
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