VÍDEO: Tragédia em Campinas – motoboy de 48 anos morre ao ser atingido por linha de cerol; “Parecia uma despedida”, diz companheira

Um domingo de descanso em família terminou em luto e revolta em Campinas (SP). O que deveria ser apenas mais um dia comum para Gilberto Dias de Oliveira, de 48 anos, conhecido carinhosamente no bairro como Tatu, transformou-se em tragédia irreparável. Motoboy há poucos meses, Gilberto perdeu a vida de forma brutal após ser atingido por uma linha com cerol — mistura de cola e vidro moído, proibida por lei, mas ainda amplamente utilizada em pipas.

A cena devastadora aconteceu na tarde do último domingo, 25 de agosto, e deixou familiares, amigos e vizinhos em choque.

Uma rotina interrompida por uma linha invisível

Gilberto havia encerrado seu expediente mais cedo, decidido a aproveitar o dia com os filhos. O plano era simples, mas cheio de afeto: levar as crianças para comer pastel em uma barraca próxima. Antes, porém, resolveu sair rapidamente de moto para comprar cigarros.

Naquele momento, a tragédia estava à sua espera. Ao percorrer uma rua do bairro, foi atingido no pescoço por uma linha com cerol, que se esticava de forma invisível entre as pipas. O corte foi fatal.

Ele não voltou mais para casa.

“Parecia uma despedida”

A companheira, Angélica de Greci, de 29 anos, relatou com emoção os últimos instantes que dividiu com Gilberto. “Ele se despediu dos filhos com um beijo carinhoso. Parecia uma despedida, mas ninguém poderia imaginar”, disse, em prantos.

Angélica contou ainda que o companheiro havia sugerido levar o filho mais velho, de apenas 6 anos, até a esquina. “Imagina se ele estivesse junto… a tragédia poderia ter sido ainda maior”, lamentou.

O peso da ausência

Querido por todos, Tatu era conhecido pelo jeito alegre, pelas histórias que contava e pela paixão pelo futebol. Trabalhador, esforçado, havia iniciado a rotina de motoboy em abril deste ano, garantindo o sustento da família.

No bairro, a notícia de sua morte espalhou-se como um choque elétrico. Vizinhos e amigos lembraram do homem de sorriso fácil, que cresceu ali e construiu laços de amizade e carinho.

O velório e o sepultamento foram marcados para esta terça-feira, 26 de agosto, no Cemitério dos Amarais, em Campinas.

Uma tragédia que se repete

O caso reacende discussões sobre o uso do cerol, proibido por lei mas ainda comum em muitas cidades brasileiras. Feitas com vidro moído, essas linhas se tornam verdadeiras lâminas no ar, capazes de causar acidentes fatais, principalmente contra motociclistas.

Especialistas alertam que campanhas educativas, sozinhas, não bastam. É necessária fiscalização rigorosa e punição exemplar contra quem fabrica, vende ou utiliza o material. “Não é uma brincadeira. É uma arma mortal”, reforçam.

Enquanto isso, histórias como a de Gilberto seguem se repetindo. Famílias destruídas, filhos órfãos, companheiras em luto — tudo por causa de um hábito que insiste em sobreviver, apesar da dor que provoca.

O preço cruel de uma “brincadeira”

A morte de Tatu não é apenas uma estatística. É a história de um pai presente, de um trabalhador dedicado e de um homem querido pela comunidade. A última lembrança que seus filhos terão é de um beijo antes da partida — um gesto simples que, hoje, ganha a dimensão de eternidade.

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