“Flores para Mamãe: A Coragem de Amar Mesmo na Ausência”…

Yura sentiu o coração apertar. A história do menino o comoveu profundamente. Ele se agachou ao lado dele, colocando uma mão leve em seu ombro.

— Você é um garoto muito especial, sabia? Poucos lembram com tanto amor assim… Espera aqui um minutinho.

Yura se levantou, foi até a vendedora — que agora parecia mais desconcertada do que irritada — e apontou para o buquê de copos-de-leite.

— Quanto custa? — perguntou, sem esconder a frieza na voz.

A mulher disse o valor, e ele pagou sem discutir. Pegou o buquê, voltou até o menino e se ajoelhou novamente diante dele.

— Toma. Isso é pra sua mãe. Mas também é pra você. Porque o amor que você sente por ela… isso, meu amigo, é um presente que ninguém pode tirar de você.

Pasha pegou as flores com as duas mãos, sem acreditar. Os olhos arregalados de surpresa, o coração disparado de gratidão.

— Obrigado… muito, muito obrigado…

Yura sorriu, bagunçou de leve o cabelo do garoto e disse:

— Vá. Ela vai adorar. E ela está vendo, pode apostar.


Algum tempo depois, quando Yura resolveu visitar o cemitério — um hábito que mantinha desde que perdera seu próprio irmão —, caminhava entre os túmulos com passos lentos e o pensamento longe, até que parou de repente.

Lá, diante de uma lápide simples, viu o buquê. Os copos-de-leite brancos contrastavam com o mármore escuro. Estavam dispostos com tanto cuidado que pareciam flutuar sobre o silêncio.

Yura se aproximou, leu o nome da mulher gravado na pedra e, abaixo, a dedicatória infantil escrita com letras trêmulas numa folha dobrada:

“Mamãe, eu nunca vou esquecer de você. Obrigado por ter sido minha melhor amiga. Com amor, Pasha.”

Yura sentiu os olhos marejarem. Ajoelhou-se respeitosamente ao lado do túmulo, respirou fundo e murmurou:

— Seu filho é incrível. E ele não está sozinho.

A brisa soprou leve, carregando o aroma das flores pelo ar. E por um momento — só um instante — Yura teve a estranha e doce sensação de que algo ali sorria.

Fim.

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