A mãe foi presa pelo filho o que ele fez depois muda tudo…

Anna Gál chorava baixinho naquela noite silenciosa, como se já não tivesse mais lágrimas, nem esperanças.

Quatro anos haviam se passado desde que ela cruzou os portões da prisão. Não por ter cometido um crime, mas por carregar nos ombros o fardo da culpa que não era sua. Assumira o erro do filho — Áron — para protegê-lo.

Ele havia provocado um acidente num momento de descuido. Um homem idoso perdeu a vida. Se Áron assumisse a culpa, perderia tudo: a carreira promissora, o casamento, o futuro. Anna, movida por um amor que só as mães conhecem, se sacrificou sem hesitar. Era o que ela sempre fez: colocar os outros antes de si mesma.

Lá dentro, na prisão, passou a ser conhecida como “a Professora”. Ajudava, ensinava, ouvia. Tornou-se um pilar para muitas. Mas dentro dela, havia um vazio que nada preenchia.

Seu filho não vinha. Nos primeiros meses, ela ainda recebia cartas. Depois, o silêncio. Áron desapareceu, como se ela não existisse mais.

Quando a liberdade finalmente chegou, Anna deixou a prisão com as mãos trêmulas e o coração apertado. Esperava encontrá-lo ali, esperando por ela. Mas o que havia era um motorista desconhecido.

— O senhor Áron não pôde vir, mas pediu que eu a levasse para casa — disse o homem.

Anna apenas assentiu. Nem perguntou o porquê. A decepção já não doía como antes. Estava acostumada.

A casa estava como ela deixara. Mas agora parecia maior, mais fria, mais vazia. Áron nunca mais deu notícias.

O tempo passou — meses, depois anos. Os dias se arrastavam numa rotina monótona. A saudade do filho se transformara em uma dor muda, permanente. No último ano, Anna já não encontrava sequer pequenos motivos para sorrir.

A única fagulha de calor vinha todas as manhãs, quando ia ao mercado e encontrava o mesmo homem sentado na calçada: um sem-teto, com o olhar perdido e as roupas em farrapos. Nunca trocaram uma palavra. Ainda assim, Anna deixava algumas moedas em sua mão, todos os dias. Havia algo naquele rosto abatido, naquele silêncio sofrido, que mexia com ela.

Numa manhã de inverno, tudo mudou.

Ao se aproximar do mercado, viu o homem cambalear e cair no chão. Sem pensar, correu até ele. Ajoelhou-se, tentando ajudá-lo. Foi quando viu, no pulso dele, uma pequena marca de nascença — a mesma que Áron tinha.

O coração de Anna disparou. Seu corpo gelou. O mundo pareceu parar.

— Áron…? — sussurrou, quase sem voz.

Era ele.

O filho que ela tanto amara, protegera, esperara. Diante dela, agora um homem partido, escondido sob camadas de abandono e arrependimento.

Levado ao hospital, Áron só recobrou os sentidos horas depois. E quando abriu os olhos, a viu ali, ao lado de sua cama. Murmurou, com a voz fraca e embargada:

— Mãe… me perdoa…

Anna sorriu, com lágrimas nos olhos, segurando a mão dele entre as suas.

— Eu já te perdoei, meu filho… há muito tempo.

Naquele instante, tudo o que havia sido perdido encontrou lugar de novo. A mágoa, a dor, a solidão — todas se dissolveram diante do amor que resistiu ao tempo e à ausência.

Anna entendeu que não precisava mais viver presa ao passado. Seu filho havia voltado, não como antes, mas real, humano, quebrado — e ainda assim, seu.

Naquele silêncio que os envolvia, mãe e filho encontraram abrigo um no outro. E enfim, estavam em casa.

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1 comentário

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adeliacovre@hotmail.com

não gostei,não relata porque abandonou a mãe e porque ficou pobre

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